segunda-feira, 9 de maio de 2011

Dias


        Então eu fui. Segui em frente. Deixei para trás tudo aquilo que já não podia mais carregar.
        Foi andando por aquela mesma rua, quando percebi a chuva chegar. Seu som se parecia com os sinos de uma catedral. Revolvi olhar para trás; não havia nada, a não ser tudo aquilo que tinha jogado fora.
        Pensei. Continuei andando em direção a uma simples casa pequena. Ao chegar, olhei bem. Reparei que suas janelas pareciam olhos a piscar, e sua porta, uma boca a devorar-me. O número era 0, a casa da desilusão.
        Continuei andando. Quando dei por mim, a chuva já se recolhia e o sol estava lutando para ter o seu lugar no dia. Sentei num banco enfrente a um jardim, onde havia inúmeras flores. Seu cheiro expandiu-se por todo o quarteirão. Senti vontade de entrar, mas fiquei receoso e preferi, apenas, contemplar, com tristeza, tamanha beleza. Olhei até meus olhos se cansarem. O sono veio. O céu escuro e frio congelou minha alma e condenou-me a nada, simplesmente nada.
        E assim, aceitei. Dormi, acordei. Meu dia começara de novo, como todos os outros, mas em lugares diferentes.

Texto: Wall Teodoro

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